Caldo de sururu, a Rota do Acarajé (restaurante de comida baiana em São Paulo) e a idéia de um novo prato

sábado, 29 de agosto de 2009
Ia fazer a inauguração de meu apê, fechada aos amigos, sexta-feira à noite. Após acordar tarde, matutar muito, decidi oferecer aos célebres camaradas um caldo de sururu. Na quinta, já tinha feito uma merluza abaianada, que infelizmente ficou apenas "comível", embora o casal que à minha casa veio tenha gostado. Mas eu sabia o que faltava para chegar a um prato muito bom. Tudo arquitetado, meu.
Almocei no restaurante de umas japas que têm bom decote mas melhor tempero, embora não saibam fazer feijão (como toda a gente em São Paulo), pedi informações sobre peixarias e fui à cata do tal do sururu, como uma a ideia fixa.

No meio da Rua Martin Francisco, não mais do que de repente, me deparei com um restaurante de comida baiana, no meio do caminho: chamava-se Rota do Acarajé. Baiano que sou, não resisti: esteja ou não com o estômago entupido, não se nega acarajé. Além do mais, eu poderia obter informações úteis para colocar em prática a minha ideia fixa.

O primeiro susto foi o preço: um baiano true não sabe o que é pagar quase oito contos por um acarajé. Todavia, menos ainda recusá-lo. Daí não é que eu comecei a conversar com os donos da bodega e, para meu desespero, descobri que nem fodendo eu encontraria meus ingredientes? E agora, mané?! Disseram que azeite de dendê, só no Brás. Mas sendo gentil e comunicativo, revelando a alma cheia de axé, tu descobre que uma Casa do Norte ali perto vende azeite de dendê.

Pausa para o acarajé. Minuto sagrado da existência. Avaliá-lo-ei, não se afobem. Não que não seja bom. Vocês gostam de nota, não é; ok, vá lá: 2/5 estrelas a nível de acarajé, 3/5 a nível de comida. O fato é: um bom baiano não tolera mudança da receita quando há perfeição. Perguntei se o acarajé era baiano mesmo. À resposta ("ele fala soteropolitano"), puts, fodeu, fizeram CCAA de baianês. Malandro que sou, estava dentro do previsto, entretanto. Só que fui lerdo e deixei eles colocarem salada. Gosto de acarajé com vatapá, camarão e caruru. Quente, of course. Só.

Resumo do axé: foi bom de comer, a cerveja estava puuuuta gelada, enquanto o acarajé estava um pouquinho queimado, meio salgado e dissolvia o guardanapo que o envolvia, como um véu a uma noiva. Sim, acarajé de cabaço. Pensando bem, os paulistanos devem adorar!

Continuando minha épica busca do jantar, passei na peixaria (ainda na Rua Martin Francisco) que encontrara no Google Maps, Peixaria Angélica. Só peixe de primeira. Da primeira semana do mês, claro, e como já estamos no fim... Plano dois, o que me indicaram as japa: Sacolão Higienópolis. Me perdi pelas rua, mas cheguei insano e perdido.

Expostos, encontravam-se, além de peixes todos frescos (exceto o salmão), um tal de vôngole. Que nunca vi mais gordo. Resolvi testar. Dá um quilo, mano. Oras, minha culinária liga-se à tradição baiano-experimental mesmo. Se desgostassem, ora, seria fácil acusar a flora intestinal de minhas visitas pouco apta às delícias do dendê.
Definitvamente, a missão Caldo de sururu estava abortada. Assim como os sonhos fidedignos de representar a terrinha na pança minha ou de quem me visitasse, que em São Paulo tem de tudo mas só para quem nasceu pros fast food.

Na volta, passei na dita Casa do norte. Perto de casa, comprei umas tigelas-tipo-caldo-de-feijão, compramos cerveja, coloquei Caetano para tocar. Aí começaram os etilíricos a matar as breja, botar o papo em dia. Logo estariam chegando as visitas. Tchan-tchan-tcharan...

O que se deu do vôngole, só no próximo post. Neste mesmo blog, nesta mesma pegada. Que eu vou pingar meu azeite de dendê alucinógeno.

0 comentários:

Postar um comentário