Moqueca vegetariana (para Fernandinha)

segunda-feira, 26 de julho de 2010 4 comentários


Que os baianos me chamem de traíra: "oxe, onde se viu uma moqueca sem peixe, meu rei!" Que as peixarias me crucifiquem por não lhes ter comprado o peixe nesse fim de semana. Que meus camaradas fiquem com o pé atrás, receosos de que noutra semana eu lhes apareça com outra invenção maluca dessas. Mas o fato é: em terra de vegetarianos, quem faz moqueca é rei! E eu fiz.

Processo de invenção transcriativo pós-baiano

Eu largo o peixe (e quiçá o salame), mas meu cigarrinho não. Pois bem. Entre um cigarro e outro, anotações mil em dezenas de folhas de papel que se amontoavam pelo chão, acrescendo e riscando possíveis ingredientes, consultando mais sites do que o meu próprio bom gosto, foi assim. E eis a lista de ingredientes pronta:

Ingredientes

  • Metade de uma couve-flor (só as flores com um pouco do talo)
  • 250 gr de palmito picado
  • 100 gr de azeitona picada e sem caroço
  • Cogumelos azuis (digo, champigonon)
  • 2 cebolas
  • 4 dentes de alho
  • 1 pimentão verde
  • 3 tomates
  • 1 cenoura média
  • 1 molho de coentro
  • Mandioquinha (como não tinha no mercado, comprei daquela sopa pronta em pó, sabe?)
  • O quanto baste de shoyu
  • Sal a gosto
  • Azeite de dendê (150ml)
  • Óleo
  • Farinha de mandioca (tem de ser da baiana, visse?!)
Rende: 3 porções bem servidas e ainda sobra!

Sugestão de consumo: arroz (integral?), pirão, farinha de mandioca e pimenta malagueta. e HEINEKEN.

Mó'de preparar

Assim ó: numa tauba, picota uma cebola em cubo e a outra em rodela; pica os 3 tomates; metade do pimentão em cubo e a outra em rodelas; o alho todo em cubos; corta o coentro (os talo também). Rala a cenoura. Corte a couve-flor deixando um pouco do talo e jogue o shoyu em cima; reserve.

Ok, agora liga o fogo, deixa a panela pelar e joga o óleo, deixando esquentar um pouco; joga todo o alho e um punhado de cebola; mexe, mexe, mexe e joga um outro punhado de tomate. Mexe, mexe, mexe. Aí joga o pimentão. O negócio é sempre ir mexendo, deixando os ingredientes se misturarem corporeamente e depois ir jogando o resto que você picou, exceto a couve-flor - joga também a azeitona. Ah, e o sal, mas não muito para poder jogar shoyu depois. Vai parecer uma sopa bem empapada, você está no caminho certo!

(Vá distribuindo água, sem nunca deixar muita, nem deixar queimar - água morna, por favor!)

Deixe ferver, ferver, ferver. Não digo o tempo, porque coisas dessas na Bahia não se contam. Aí, joga o pó de sopa (se conseguir mandioquinha das de verdade, pode jogar antes de deixar ferver, ferver, ferver), o champignon e o palmito. Deixa o quê? ferver, ferver, ferver.

(Nesse momento pode deixar com mais água, assim, mas não é sopa que tu vai fazer, sabe?)

Negócio é ir experimentando: quando estiver parecendo que está ficando boa a nossa moqueca, joga a couve-flor (e o shoyu que ficou no prato dela) e deixa cozinhar por uns 10 minutos, até estar molinha. Se você achar que tem muito líquido, jogue farinha de mandioca para dar consistência, só cuidado para não empelotar (com uma mão pegue um punhado dela, deixando escorrer e com a outra vai mexendo - processo garantido!). Aí você desliga o fogo e joga o dendê, vai ser uma beleza pura! Ingrediente final, a preguiça suprema: deixa descansar por uns dez minutos, aí você fuma outro cigarro, toma uma cervejinha, beija sua nega...

É mais ou menos isso. Se esqueça nunca: cozinhar é misturar duas coisas gostosas, portanto transcrie, invente, mermão. E aproveita essa receita única porque esse não é um blogue de emo vegan não, sacou?

PS: o sono, ou ressaca pós-moqueca, é natural e não se enquadra em patologia nenhuma.

PS 2: a culpa é dela (ou do Meursault, enfim, ou não-Caê).

Bolinho de miojo do Larica Total

segunda-feira, 16 de novembro de 2009 1 comentários
Obviamente eu sou um puta fã do Larica Total. Não perca a receita do bolinho de miojo. O quanto antes, farei aqui para convidados especiais demais da conta.

Um dia amineirado com galinhada no quiabo, cerveja gelada e paierinho

sábado, 31 de outubro de 2009 3 comentários
Hoje bateu uma vontade féla da puta de comer uma galinhada com quiabo, ô sodades de Minas.

Porém, sou muito newbie para fazer coisinhas mineiras: sei apenas comê-las. Mas, se fome urge, lá vamos nós.

Pra variar, pesquisei umas receitas no Google, reuni os ingredientes e rumei ao mercado. Como é difícil encontrar galinha caipira, acabei trazendo um frango inteiro. O foda é que eu mal tinha me deparado com o bicho inteiro e já defunto, e menos ainda tinha limpado frango nenhum, imagine. Enfim, fui cortando, arranquei a pele e, entre uma cerveja e outra, não é que o camarada até fumou um paierinho:

Mas, pois bem, vamos ao ponto:

Galinhada com quiabo

1 frango inteiro
750gr de quiabo
2 cebolas roxas
2 blocos de caldo knnor de galinha
5 dentes de alho
um maço de cheiro verde

Mó'de preparar

Vá preparando o quiabo numa panela de barro (é, tem de ser chique núrtimo pra tê-la). É bem simples. Após ter picado todo o quiabo e ter jogado o suco de um limão (e ter deixado descansar por uns 15 minutos), frite um bocado de alho na panela e jogue o quiabo. Após quinze minutos que estiver no fogo, comece a fazer o frango:

Numa panela de pressão, frite a cebola até ficar meio queimada, jogue o cheiro verde devidamente picado e depois o frango que você limpou e cortou em pedaços apropriados.
Dissolva os dois tabletes de caldo knnor em maomeno meio litro de água e despeje na panela. Tampe e deixe cozinhar por uns 13 minutos.

Abra a panela de pressão, veja como está; o frango deve estar cozido; senão, tampe novamente e deixe mais um pouco. Se precisar cozinhar mais, desligue o quiabo. Quando estiver pronto, despeje o frango na panela de barro e cozinhe por uns dez minutos para misturar os sabores. Deixe descansar por uns dez minutos enquanto você tira fotos

Para acompanhar, faça um angu (paulistas o chamam de polennnta) e uma farofa baiana (derreta manteiga numa panela, jogue farinha de mandioca e sal e misture até dourar).

Sirva-se no fogão:


Menu vegetariano: Green Pisci. Há um bom motivo, se acalme!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009 1 comentários

Menu vegetariano de cu é rola. Mas, um minuto, maestro, mais respeito porque hoje almoçaram aqui Vina e sua mina. Enfim, hoje é dia de estar cervejetarianamente correto. Já que a mina do Vina, ok, sem machismos, a Vivian renega tudo que não seja peixe, nem um franguinho mano!, o cardápio de hoje será pra vegetariano achar que está por cima: o que chamarei de Green Piscis, vide título. But don't worry babe. It will be gostoso pra chuchu.

Mas, antes, um momento de reflexão e crítica social. A estrutura social, hegemonicamente onívora, cria um movimento de repressão em relação à culinária vegetariana, obrigando esta a submeter-se às mais desagradáveis formas de tortura, como o uso de carne de soja, PVT, essas merdas. É que, por motivos estéticos, a imitação de carne em restaurantes vegetarianos faz parecer que não é possível cozinhar bem sem carne. Para falar a verdade, a base de quase tudo quanto é comida, exceto sarapatel e familiares, é toda feita por vegetais e não carnes. É claro que estas sustentam a existência, em geral, de um bom prato. Mas, enfim, é possível. Believe me.

Fora o peixe frito, não teve defunto nas panela. Servi caldo de ervilha, opcionalmente com peixe frito, e uma quiabada ao funghi na manteiga com pitadas abobrinha. Não tem muito segredo: frite na manteiga gengibre, depois jogue cebola roxa, coentro, pimentão, etc. Vão: quiabo (use limão para tirar a baba), funghi e abobrinha.

O melhor de tudo foi o peixe frito com caldo de ervilha. Ou vice-versa. Mas para comer tanta comida vegetariana, muita cerveja. Muita cerveja. E o problema de cozinhar sem azeite de dendê é que, estirado no sofá, cê fica com uma nostalgia de uma preguiça daquelas.



Peixe frito

1 comentários
Eu nunca tinha feito peixe frito. Quando comprei o vôngole para fazer o meu mais perfeito prato, o Caldo de Vôngole Tropicanalha, aproveitei a ida à peixaria e tinha comprado uns peixes para fritar. Acabou encalhado no congelador e resolvi usar hoje. Pesquisei no Google sobre como fritar peixe, etc., reuni umas experiências e fritei do que já é meu próprio jeito. Ficou bom, não diria perfeito.

Minha própria avaliação do peixe frito: bom

Ingredientes para fazer peixe frito

500gr de peixe limpo e pequeno (eu não sei a marca do que comprei, garanta-se que seja um cuja espinha não atrapalhe)
Farinha de trigo
Sal
3 limões
Óleo

Como fazer o peixe frito

Garantido-se que o peixe esteja limpo, lave-os e coloque num pirex. Esprema com as mãos mesmo o limão, depois espalhe o sal. Use as mãos para fazer o tempero pegar no peixe. Depois, deixe descansando por uns 15min.

Num prato, coloque a farinha. Pegue cada peixe do pirex, não deixando ele estar muito molhado. Vá passando o peixe na farinha, até ela formar uma camada. Repita o processo com cada peixe, e vá colocando eles num prato limpo com cuidado.

Numa frigideira ou panela, despeje um tantão de olho, muito óleo! Jogue um peixe por vez. Deixe fritar, sempre virando o lado do peixe. Acho que demorou, no meu caso, uns 7-10 minutos até ficar bom. Na segunda leva, menos tempo. Quando retirar o peixe, coloque-os em uma bandeja com papel para secar. Pronto, está na mão.

Peixe frito cai muito bem com uma pimentinha e uma cerveja gelaaaaaaaada. No caso de hoje, comemos com caldo de ervilha. Boa sorte aê.

Caldo de Ervilha Sublime

1 comentários
O Caldo de Ervilha Sublime foi um acaso. Era pra fazer uma ervilha que comeríamos como feijão. Mas o empolgadão aqui jogou tanta água, que ao abrir a panela de pressão deparou-se com uma espécie de leite verde. Daí, corri para a geladeira, apanhei o requeijão e, claro, a arma infalível que é a farinha de mandioca. Fiz a mistura básica. No final, deu bem certo.

Minha avaliação do Caldo de Ervilha Sublime: Bastante bom

Ingredientes

250gr de ervilha seca
3 cebolas brancas médias
4 dentes de alho picados
150gr de requeijão
1,5l de água morna
Sal a gosto
Farinha de mandioca
Azeite de oliva
Meio molho de coentro (picado)

Modo de preparo

Na panela de pressão, jogue azeite de oliva, deixe esquentar. Jogue a cebola, misture bem, deixando dourar o máximo possível. Jogue a ervilha seca, continuando a misturar. Só comece a jogar água quando não tiver mais jeito, mano, evitando - ora pois! - queimar. A água deve ser jogada aos poucos, mas não deixe ela cobrir a ervilha ainda. Jogue também o sal. O negócio é deixar cozinhando com pouca água durante uns quinze minutos, sempre jogando mais quando necessário. Jogue o coentro picado e o alho. Feche a panela de pressão e deixe cozinhar por cerca de 30 minutos em fogo baixo. Daí, abra a panela: deve estar um líquido leitoso, tudo meio dissolvido. Religue o fogo baixo, deixe cozinhar enquanto você apanha a farinha de mandioca. Você precisará de duas a três mãos de farinha. Faça assim: pegue um punhado de farinha de mandioca e deixe ela escorrer pela mão enquanto você mexe o caldo, evitando formar bolotas de farinha (se formar, esprema depois com um garfo). Lembre-se que são de duas a três mãos e o resultado final deve ficar um pouco mais consistente que uma sopa. Depois, desligue o fogo, jogue o requeijão e misture bem. Jogue o azeite e misture bem (azeite nunca é demais!). Tampe a panela, espere uns 10min. Abra, ficará assim:


Sirva em cumbucas e corra para o abraço da galera ou o beijo de sua paixão!

Sugestão de consumo: com peixe frito


Feedback da moçada maluca

Viagem a Minas e o fígado a que será que se destina!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009 0 comentários
Hoje à noite viajarei para Minas (mais especificamente Ouro Preto). Ê terra de prosa e cachaça, que beleza! Será a formatura dos meus colegas de Letras da UFOP. Eu segui caminhos tortuosos, mudei para a USP, e antes de mim se formarão também os camaradas uspianos, que eu sei lá se me formo. Mas o importante é que este feriado de sete de setembro será a celebração da independência dos meus amigos e, claro, de meu fígado em relação a minha alma e meu resto. Mas não só o meu, de todos que lá estarão a que será que se destina. Saudemos todos os fígados independentes do Brasil! Viva!

E por falar em Minas, é verdade que lá estão os mais respeitáveis bebuns do Brasil. Em São Paulo acham que eu sou foda bebendo, mas em Minas eu sou fichinha, pobre de mim. Carioca não bebe, tira onda que bebe. Em São Paulo não bebem, consomem produtos alcóolicos. Na Bahia, têm preguiça de beber, e eu mos entendo muito bem. Mineiro não para de beber, vai pegar outra cachaça! Sério.

E como Minas está no papo, baixei o Minas do Milton Nascimento. Véi, o Clube da Esquina já é muito viciante, e pelo que falam do Minas. Está cá tocando a segunda música e, francamente... Momento viadinho: Milton conduz em sua voz um coração que é mineiro de amizade, boa prosa e muitos tragos de cachaça. Quero Milton conversando no bar.

Este final de semana nada de cozinhar, nem adianta mandar pra cozinha este vagabundo que vos fala. É momento de porres homéricos e consumir deliciosos torremos. E eu não sei fazer torresmo, nem nunca poderei fazê-lo, porque só um mineiro em alma é capaz de preparar o bicho perfeitamente. O papo tá bom, mas, eita, deixa eu ir lá preparar a mala!

Update: não resisti e posto aqui a capa de Minas do Milton, ô belezuca:


Caldo de vôngole tropicanalha

domingo, 30 de agosto de 2009 2 comentários
Queria postar fotos dos pratos, digo, das cumbucas lambidas só para provar que cozinho sublime. Pelo menos a foto da panela cheia, como fazendo churrasco jogasse gordura no carvão só para "chamar o vizinho". Todavia não fotografei, até porque nem planejava este blog para tão logo. Talvez que eu seja discreto. Enfim, está na memória dos que vieram na inauguração do meu apê e provaram esta perfeição culinária: o Caldo de vôngole tropicanalha. O princípio da história deste caldo de vôngole fodástico eu relatei aqui.

Como diz a máxima de meu pai "cozinhar é misturar três coisas gostosas", assim se segue a genealogia do Caldo de vôngole tropicanalha: uma parte da receita vem de uma moqueca-pirão feita de um creme em que eu colocava água, leite de coco, farinha de mandioca, azeite de dendê, etc. Já fiz com camarão, frango e lulas, e é perfeita também como molho de macarrão. Outra, do caldo de sururu (lembrando que não encontrei camarão seco em São Paulo, mas se você tiver como comprar tente usar, deve ficar bom pacas!) A terceira vem de uma sofisticada sopa de mandioquinha com cenoura que tomei na casa de uma tia, acompanhada por um bom vinho.

Ingredientes desse Caldo de vôngole tropicanalha
  • 700gr de vôngoles pré-cozidos
  • 3 cebolas roxas
  • 1 pimentão
  • Farinha de mandioca (tem de ser baiana)
  • Um molho de coentro picado com os talos
  • 400ml de leite de coco
  • 1 tablete de caldo knnor de frango com ervas finas (ok, isso é vergonhoso, mas enfim)
  • Manteiga (margarina de cu é rola)
  • Shoyu (molho inglês ou shoyu doce é viadagem, procure um shoyu tradicional em casas de produtos naturais)
  • Sal a gosto
  • Azeite de dendê (em Sampa você encontra na casa do norte mais próxima)
  • Molho de tomate
  • Cerca de 700ml de água morna
  • 1 cenoura ralada
  • 4 mandioquinhas raladas
Se não há quantidade especificada, use teu olhômetro, véi.

Fazendo o Caldo de vôngole tropicanalha

Vai estar rendendo: Umas seis, sete cumbucas bem serrvidas.

Numa panela grande, jogue um punhado de manteiga e deixe derreter. Frite a cebola até não mais poder, sem deixar queimar todavia. Jogue o pimentão, a cenoura e as mandioquinhas raladas. Jogue um tanto de molho de tomate, para dar uma cor e molhar. Despeje um pouco shoyu por cima, para dar um gosto. Deixe ficar o mais seco possível, daí jogue 200ml do leite de coco. Vá misturando e cuidando para que não grude no fundo da panela. Jogue o coentro. Mexa, mexa, mexa. Jogue o restante do leite de coco. Derreta o caldo knnor num copinho e despeje na panela. Mexa por uns tempos e vá jogando a água morna aos poucos. Jogue sal a gosto, de modo que fique um tiquito mais salgado do que você gosta, para que o vôngole pegue o sal também. Mexa, mexa, mexa, chiquitita! Despeje o resto da água (pode ser que não a use toda, pode ser que precise de mais), deixe a panela quase cheia. Deixe cozinhar por uns quinze minutos, sempre cuidando para que não grude. Quando tiver um caldo quase consistente e já bem saboroso, despeje os vôngoles e deixe cozinhar por uns vinte minutos, para que ele distribua seu sabor e pegue o sabor de nosso molho baiano. Quando sentir que está delicioso (e estará!), pegue um punhado da farinha de mandioca com a mão e deixe escorrer pela panela na medida em que mistura, para não formar bolotas escrotas. Se não estiver cremoso o suficiente, pegue mais outro punhado, repetindo o processo. Desligue o fogo e jogue azeite de dendê a gosto (sei lá, imagine umas cinco colheres de sopa, ou mais).

O segredo de uma comida tropicanalha está em reconhecer que uma boa comida é preguiçosa, assim como nós. Deixe ela se aperfeiçoar, panela completamente tampada, como se ela descansasse na rede. Prepare as cumbucas, mate a cerveja e apague seu cigarro. Abra uma cerveja estupidamente gelada,  distribua o nosso Caldo de vôngole tropicanalha pelas cumbucas e aí é só correr para o abraço. Guarde o suficiente para repetir a dose, porque esta é a verdadeira Soup Nazi (vídeo com melhores momentos). Pode cair bem tomar um trago de uma cachaça de Salinas antes da primeira colherada.

Recomendo fumar um cigarrinho entre uma e outra cumbuca, para filosofar sobre o existencialismo culinário. Após empanturrar-se, terá uma leseira desgraçada. Relaxe, ou trepe preguiçosamente. Nada de sexo selvagem, senão tu vai para o hospital. Após o coito, deite-se e mande a mulher deixar a cozinha nos trinque. Necas de pitiriba que é machismo, mano, eis a simples distribuição de trabalhos.

Caldo de sururu, a Rota do Acarajé (restaurante de comida baiana em São Paulo) e a idéia de um novo prato

sábado, 29 de agosto de 2009 0 comentários
Ia fazer a inauguração de meu apê, fechada aos amigos, sexta-feira à noite. Após acordar tarde, matutar muito, decidi oferecer aos célebres camaradas um caldo de sururu. Na quinta, já tinha feito uma merluza abaianada, que infelizmente ficou apenas "comível", embora o casal que à minha casa veio tenha gostado. Mas eu sabia o que faltava para chegar a um prato muito bom. Tudo arquitetado, meu.
Almocei no restaurante de umas japas que têm bom decote mas melhor tempero, embora não saibam fazer feijão (como toda a gente em São Paulo), pedi informações sobre peixarias e fui à cata do tal do sururu, como uma a ideia fixa.

No meio da Rua Martin Francisco, não mais do que de repente, me deparei com um restaurante de comida baiana, no meio do caminho: chamava-se Rota do Acarajé. Baiano que sou, não resisti: esteja ou não com o estômago entupido, não se nega acarajé. Além do mais, eu poderia obter informações úteis para colocar em prática a minha ideia fixa.

O primeiro susto foi o preço: um baiano true não sabe o que é pagar quase oito contos por um acarajé. Todavia, menos ainda recusá-lo. Daí não é que eu comecei a conversar com os donos da bodega e, para meu desespero, descobri que nem fodendo eu encontraria meus ingredientes? E agora, mané?! Disseram que azeite de dendê, só no Brás. Mas sendo gentil e comunicativo, revelando a alma cheia de axé, tu descobre que uma Casa do Norte ali perto vende azeite de dendê.

Pausa para o acarajé. Minuto sagrado da existência. Avaliá-lo-ei, não se afobem. Não que não seja bom. Vocês gostam de nota, não é; ok, vá lá: 2/5 estrelas a nível de acarajé, 3/5 a nível de comida. O fato é: um bom baiano não tolera mudança da receita quando há perfeição. Perguntei se o acarajé era baiano mesmo. À resposta ("ele fala soteropolitano"), puts, fodeu, fizeram CCAA de baianês. Malandro que sou, estava dentro do previsto, entretanto. Só que fui lerdo e deixei eles colocarem salada. Gosto de acarajé com vatapá, camarão e caruru. Quente, of course. Só.

Resumo do axé: foi bom de comer, a cerveja estava puuuuta gelada, enquanto o acarajé estava um pouquinho queimado, meio salgado e dissolvia o guardanapo que o envolvia, como um véu a uma noiva. Sim, acarajé de cabaço. Pensando bem, os paulistanos devem adorar!

Continuando minha épica busca do jantar, passei na peixaria (ainda na Rua Martin Francisco) que encontrara no Google Maps, Peixaria Angélica. Só peixe de primeira. Da primeira semana do mês, claro, e como já estamos no fim... Plano dois, o que me indicaram as japa: Sacolão Higienópolis. Me perdi pelas rua, mas cheguei insano e perdido.

Expostos, encontravam-se, além de peixes todos frescos (exceto o salmão), um tal de vôngole. Que nunca vi mais gordo. Resolvi testar. Dá um quilo, mano. Oras, minha culinária liga-se à tradição baiano-experimental mesmo. Se desgostassem, ora, seria fácil acusar a flora intestinal de minhas visitas pouco apta às delícias do dendê.
Definitvamente, a missão Caldo de sururu estava abortada. Assim como os sonhos fidedignos de representar a terrinha na pança minha ou de quem me visitasse, que em São Paulo tem de tudo mas só para quem nasceu pros fast food.

Na volta, passei na dita Casa do norte. Perto de casa, comprei umas tigelas-tipo-caldo-de-feijão, compramos cerveja, coloquei Caetano para tocar. Aí começaram os etilíricos a matar as breja, botar o papo em dia. Logo estariam chegando as visitas. Tchan-tchan-tcharan...

O que se deu do vôngole, só no próximo post. Neste mesmo blog, nesta mesma pegada. Que eu vou pingar meu azeite de dendê alucinógeno.

Sobre esta bagaça

0 comentários
Sou um tropicanalha devotado a hedonismos gastronômicos e trocadilhos infames; na manha da lasanha, falo sobre pratos arretados, putaria e porres homéricos.

Um falso mentiroso, publicitário de mão cheia, amante incandescente - lésbico, por sinal -, e mestre cuca com altíssimo ROI. Digo, redigo pelo contraponto avesso do real. Acima de tudo, vagabundo. Sim, o original tropicanalha.

Sem delongas: vai cozinhar, vagabundo.

Desembucha, malandro!

A priori, só vou estar respondendo a e-mails de moçoilas gostosas.

Assunto: *
O nome da gracinha: *
E-mail que será cadastrado em listas pornôs: *
Mensagem: *

*Tudo é obrigatório, fascistagem pura!Create Email Forms